A Síndrome (Sd) de Down é uma doença
genética que acomete 1 a cada 800 nascidos vivos. Afeta todas as raças e sexos
e é decorrente se uma triplicação do cromossomo 21 (Silva, Kleinhans, 2006).
A
Sd de Down apresenta 47 cromossomos ao invés de 46, como na criança normal. Não
existem causas definidas para essa Síndrome, no entanto, a idade materna é o
fator é mais associado, sendo que a incidência dessa síndrome aumenta com a
idade da mãe e é muito maior em mães acima dos 35. Acredita-se que o
envelhecimento do óvulo favorece a não separação meiótica adequada do
cromossomo, ver tabela abaixo:
São
encontrados três tipos de alterações genéticas nessa síndrome, os quais podem ser identificados através do
exame de DNA (Cariótipo, figura abaixo) (Moreira et al, 2000)
1)
Trissomia do 21: afeta 95 %
dos casos. Todas as células da criança apresentam 47 cromossomos, sendo 3
cromossomos 21.
2)
Translocação genética: afeta
3 a 4 % dos casos. O cromossomo 21 está conectado a outro cromossomo,
geralmente ao 14. Normalmente essa alteração é herdadada dos pais e há mais
chance de haver outra criança com Down.
3)
Mosaicismo: é o menos comum
(1 a 2%). Nesse caso, algumas meioses são inadequadas e somente algumas células
apresentam 47 cromossomos. Normalmente apresentam menos características da
síndrome e melhor cognitivo.
De
acordo com o projeto genoma Humano, o cromossomo 21 apresenta 255 genes. Na Sd
de Down os genes não são alterados, mas produzem suas proteínas em dose
triplicada, dessa forma, causa crescimento e desenvolvimento incompletos ao
invés de anormais (Moreira et al, 2000)
A
Sd de Down apresenta as seguintes características: diminuição de cavidade
nasal, osso nasal achatado, língua protrusa e grande, fissuras palpebrais
oblíquas, prega epicântica, implantação baixa das orelhas, orelhas pequenas e
malformadas, dentição irregular, Crânio achatado e menor e pescoço curto e
largo. Nos pés e nas mãos apresentam dedos curtos e prega palmar única. A
hipotonia muscular global (criança mole) está presente em 100% dos casos em
maior ou menor grau. Apresentam hiperfrouxidão ligamentar generalizada
(articulações mais móveis), displasia acetabular (quadril pouco formado),
retardo mental e alterações neurológicas. Podem ainda estar presentes
alterações visuais, auditivas, gastrointestinais, hematológicas e cardiopatias.
Há
uma grande variedade na data de aquisição dos marcos motores mesmo entre as
crianças com Down, a marcha dessas crianças ocorre aos 24 meses, no entanto,
pode variar entre 17 e 74 meses e ainda é uma marcha imatura.
Segundo
Pereira et al. (2008), embora o ritmo de crescimento nessas crianças seja
lento, o crescimento é evolutivo, porém pode haver estacionamento em uma
determinada etapa do desenvolvimento e demora para sair dela. Em seu estudo,
esses autores mostraram que as crianças normais apresentam superioridade no
desempenho motor em todos os meses nas posturas ventral, sentado e em pé, pois
nessas posturas há exigência de maior controle antigravitacional. Além disso, o
atraso no desenvolvimento motor é maior no primeiro ano de vida, quando a
hipotonia é mais evidente. Ver diferenças no desenvolvimento na tabela abaixo:
As
principais causas do Atraso no Desenvolvimento Neuromotor (ADNM) dessas
crianças são a HIPOTONIA, HIPERFROUXIDÃO LIGAMENTAR, RETARDO MENTAL, e dificuldade
na modulação sensorial e como já foi visto, outros fatores como alterações
visuais e auditivas (Blanche et al., 1995).
A
hipotonia é uma diminuição do tônus muscular decorrente de um atraso na
maturação do cerebelo e das vias corticais. Embora 100% das crianças apresentem
hipotonia, algumas são mais hipotônicas do que as outras e por isso, atrasam
ainda mais para desenvolver (Shepherd, 1995). A hiperfrouxidão gera entre outras coisas uma abdução
excessiva de quadril em todas as posturas e uma possível instabilidade entre a 1o. e 2o vértebra cervical.
A
criança só se movimenta, pois deseja explorar o ambiente, mas quando o Retardo
mental (RM) é evidente, o fisioterapeuta, no bebê deve identificar problemas
com a amamentação\;alimentação, atraso nas respostas sociais, choro fraco,
apatia, atraso na linguagem, movimentos perseverantes ou estereotipados e um
brincar imaturo, como colocar objetos na boca, batê-los ou jogá-los em idades
não apropriadas para isso (Shepherd, 1995).
O
grau de mobilidade depende do grau do retardo mental. O RM na Sd de Down
geralmente é leve (QI: 55 e 70) ou moderado (QI: 46 e 50) (Silva e Kleinhans,
2003). Dentre as causa do RM nessa síndrome destacam-se uma hipoplasia e menor
volume cerebral; diminuição dos neurônios e conexões sinápticas, lobos frontal
e temporal reduzidos e atraso na maturação cerebral. Por causa disso, esses
indivíduos apresentam envelhecimento cerebral precoce e 10 vezes mais chance de
desenvolver Alzheimer antes dos 35 anos de idade (Silva e Kleinhans, 2006). O
nível de atenção e alerta podem estar diminuídos e o fisioterapeuta deve estar
atento aos sintomas indicadores de RM para planejar uma terapia com comandos e
atividades mais simples (Shepherd, 1995).
Outro
fator que contribui para o ADNM é a dificuldade de modulação sensorial, a qual
pode ser definida como a organização do grau, da natureza e da intensidade da
resposta frente a um estímulo sensorial. É o processo de aumentar ou diminuir a
atividade para permitir que a pessoa responda a um input relevante, não
responda os irrelevantes e realiza uma tarefa adaptativa com o ambiente. Para
que o organismo gere respostas motoras e comportamentais adequadas o SNC deve
ser capaz de integrar as informações táteis, proprioceptivas, visuais e
vestibulares que chegam ao mesmo tempo. O indivíduo com Sd de Down apresentam
alterações do processamento sensorial, como déficits de registro sensorial em
todos esses sistemas, o que interfere negativamente no desempenho motor,
atenção, aprendizado e comportamento (Blanche et al., 1995,).
A
criança com Sd de Down tende a ser hiporreativa, ou seja, reage menos aos
estímulos sensoriais e apresenta dificuldade em perceber sua posição no espaço,
memória articular prejudicada, isso contribui para a redução do tônus e pela
menor percepção corporal dessas crianças e por isso são conhecidas pelos seus
movimentos desastrados. Uma hiporreatividade do sistema vestibular também
contribui para a postura hipotônica. Quanto ao sistema tátil, a criança tem
interesse diminuído por objetos, dificuldade em identificar texturas e
formatos, o que diminui a exploração ambiental, o que em conjunto com os
problemas visuais explica o padrão manipulatório pobre da Sd. De Down (Blanche
et al., 1995).
Quer saber mais sobre o tratamento??? Aguarde o próximo post em breve!!
Texto escrito pela fisioterapeuta e Profa. Ms. Michelle Brandalize
BLANCHE, E. I., BOTTICELLI, T. M., HALLWAY, M. K. Combining
neuro-developmental treatment and sensory integration principles an approach to
pediatric therapy, Arizona, The Psychological Corporation, 1995.
MOREIRA,.LM,
Hani, CNE, Gusmã, FAF. A síndrome de Down e sua patogênese: considerações sobre
o determinismo genético. Rev Bras Psiquiatr 2000; v.22, n.2, p: 96-9
http://www.scielo.br/pdf/rbp/v22n2/a11v22n2.pdf
SHEPHERD,
B. R. Fisioterapia em pediatria. 3. ed. Santos: São Paulo, 1995.
PEREIRA, K.
Perfil do desenvolvimento motor
de lactentes com síndrome de Down dos 3 aos 12 meses de idade. 2008. Tese de
doutorado, disponível em:
SILVA,
MFMC; KLEINHANS, ACS.
Processos cognitivos e plasticidade cerebral na síndrome de Down. Rev.
Bras. Ed. Esp., Marília, Jan.-Abr. 2006, v.12, n.1, p.123-138. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_pdf&pid=S1413
Parabéns pela iniciativa e pelo post profª muito bom!
ResponderExcluirAdorei o blog professora!
ResponderExcluirObrigada. Espero que continue acompanhando os novos post. Ah, deixe o nome da próxima vez!!!
ResponderExcluirMuito legal a matéria. Tenho uma princesa com down que vai fazer 2 aninhos agora em outubro, estou sempre buscando informações que possam servir pra darmos a ela tudo o que é necessário pro desenvolvimento dela. O nome dela é Isabella, o meu é Patrícia. Posso usar umas informações (com legenda) na página que criei pra conversar e mostrar a rotina da minha pequena?
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