Como lidar com os sintomas da Doença de Parkinson?

 Olá!! Após uma semana atarefada, hoje trouxe dicas dos próprios pacientes com Doença de Parkinson sobre como lidar com alguns sintomas da doença. Boa Leitura!!

           

    A Doença de Parkinson é uma doença degenerativa que afeta a substância negra (núcleos da base), causando a morte dos neurônios dopaminérgicos e como consequência desordens principalmente motoras. Os sinais clássicos da doença envolvem:

ACINESIA: Dificuldade em iniciar movimentos/fenômenos de congelamento

BRADICINESIA: Lentidão e dificuldade em manter os movimentos

TREMOR: Movimento involuntário de “rolar pílula”, que aumenta no repouso

RIGIDEZ: Hipertonia plástica (rigidez e dureza nos músculos)

INSTABILIDADE POSTURAL: Anteriorização do centro de gravidade, reções posturais comprometidas.

    Esses fatores prejudicam o controle postural e marcha desses indivíduos. O tratamento farmacológico (L-dopa) reduz os sintomas, mas com o passar dos anos, os doentes apresentam flutuações, ou seja, mesmo com a medicação apresentam períodos ON (sem sintomas hipocinéticos) e OFF (apresentação temporária dos sintomas hipocinéticos).

        A fisioterapia tem mostrado bons resultados em relação ao equilíbrio, marcha e qualidade de vida. Inúmeros recursos podem ser usados na reabilitação desses pacientes. No entanto, hoje eu gostaria de compartilhar informações valiosas sobre Estratégias de enfrentamento desenvolvidas por pessoas com doença de Parkinson extraídas do artigo:

GRAZIANO, M. Illustrations of Physiotherapy Interventions in Parkinson’s Disease. European Neurological Review. Supplement: III International Forum on Advance Parkinson`s Disease. v. 3, n.2, 2008.

      

       A primeira parte desse artigo aborda as intervenções de fisioterapia para os diferentes estágios da doença, de acordo com o Clinical Practice Guidelines for Physical Therapy in Patients with Parkinson’s Disease. A segunda parte, descreve relatos sobre estratégias de enfrentamento, descoberto por pacientes e recolhidos, compilados e divulgados pela Associação de Doença da Parkinson Europeu (EPDA) através de um DVD (Texto em inglês, mas as imagens dizem tudo - Videos).

                    Para quem quiser ler a primeira parte, o artigo está disponível nesse endereço:

http://www.neurology-apd.com/files/article_pdfs/Graziano.pdf

   Abaixo, tomei a liberdade de traduzir o relato de 5 pacientes descritos na segunda parte do artigo (Sheila, Pavel, Birger, Ken e Juana) sobre as estratégias que eles utilizam para lidar com alguns sintomas da doença.

Casos:

1. Sheila tem problemas com seu medicamento e tende a congelar, especialmente em superfícies em aclive: "eu tenho grande dificuldade subindo uma inclinação, como uma rampa ou colina. Tão logo a inclinação aumenta, meus passos tornam-se menores e tenho medo de cair. Mas um dia quando eu estava fazendo compras, me deparei com uma rampa que tinha listras em intervalos regulares. Achei que se eu me concentrasse nessas listras e em como eu realizaria cada passo, eu poderia subir a inclinação sem qualquer problema." (Figura 2).

Fig 2. Pistas visuais no chão para diminuir congelamento

 2. Pavel é um homem muito determinado que tem problema com o congelamento, especialmente quando ele sai para trabalhar. Ele apresenta bom cognitivo e descobriu que um scooter (patinete) poderia ajudar. Ele adora, porque ele pode mover-se rapidamente e facilmente desfrutar da liberdade de movimento, apesar de ser impedido de andar normalmente: "minha medicação não é eficaz durante o dia. Eu tenho períodos quando estou 'off' (quando a medicação não faz efeito) e durante estes períodos eu não posso andar tão facilmente como antes. Meus passos se tornam muito pequenos e lentos, e isso torna a vida difícil, especialmente se isso acontece na minha ida ao trabalho, porque me atrasa. Mas eu descobri que quando eu estou tendo período 'off', posso usar uma scooter para chegar rapidamente ao meu trabalho – eu mesmo posso me virar e é muito eficaz e divertido!" (figura 3)

 

Fig 3. Estratégia para diminuir congelamentos

3. Birger percebeu que correr ajuda a reduzir a rigidez. Assim, quando ele sente rigidez (dureza) ele realiza uma corrida. Ele nunca foi um bom corredor, mas há muita energia dentro dele para corridas curtas que causam muita melhora: "a maior parte do tempo minha fisioterapia é muito benéfica e minha medicação é eficaz. Mas ocasionalmente eu sinto “dureza” e não posso mover-me livremente sempre como eu gostaria. Por acaso eu descobri que correr me solta. Posso não ser o melhor corredor do mundo, mas me dá uma sensação de bem."

4. É muito difícil para os profissionais e terapeutas lidar com o tremor, mas os pacientes tem que viver com ele. Ken viu um de seus amigos com Parkinson melhorar seu tremor, lançando uma bola, mas para ele isso foi embaraçoso; sentia que ele não poderia lançar bolas em todos os lugares, embora outras pessoas não tenham nenhum problema com isso. Portanto, ele desenvolveu uma alternativa “quando minhas mãos começam a tremer eu movimento meus dedos (flexão/extensão) – é algo que eu posso fazer mais discretamente. Estendo meus dedos tão retos quanto possível. Repito isto várias vezes, até os tremores pararem. Quando o tremor retorna, simplesmente repito mais alguns movimentos."

5. Juana desenvolveu uma maneira eficiente de se levantar de uma cadeira de ônibus: "eu, às vezes, luto para levantar de uma posição sentada quando estou no ônibus. Eu sinto que eu estou colado à cadeira. Os assentos próprios são frequentemente baixos, o  que torna o ato de levantar-se ainda mais difícil, e é claro o ônibus pode estar se movendo, o que também agrava o problema. Assim, coloco meus pés distantes um do outro para fornecer uma ampla base de apoio, eu fecho as mãos juntas, entre meus joelhos e inclino frente. Então, para quebrar a longa sequência do movimento, divido em pequenos movimentos, concentro-me em cada estágio do por vez, enquanto realizo uma contagem. Posso então levantar-me com êxito  e não perco  minha parada!" (figura 4).

 

Fig 4. Segmentado a tarefa

Espero que tenham gostado. Tem sugestões de novas estratégias desenvolvidas por seus pacientes? 

Gostaria de mais informações sobre a Doença de Parkinson? Deixe um comentário!

Profa. Ms. Michelle Brandalize