quinta-feira, 18 de abril de 2013

Você conhece a Síndrome Pós-Pólio?

 A síndrome pós–pólio (SSP) é uma desordem neurológica que acomete indivíduos com 40 anos em média que, pelo menos 15 anos antes, foram infectadas pelo vírus da poliomielite e desenvolveram uma forma aguda ou inaparente da doença. 

 A principal característica da síndrome é a perda das funções musculares que tinham permanecido estabilizadas no intervalo entre a recuperação e o aparecimento dos novos sintomas. 

Para entender melhor é preciso conhecer a fisiopatologia da POLIOMIELITE

A poliomielite é uma “Doença infecciosa aguda causada pelo enterovírus do grupo poliovírus”, também conhecida como “PARALISIA INFANTIL”


Esse vírus infecta por via fecal-oral e o quadro agudo pode ser manifestado de 4 formas: Infecção assintomática; Forma branda: sintomas gripais; Forma meníngea: febre, cefaléia, rigidez na nuca e dores musculares; Forma paralítica: paralisia de membros, tronco e/ou face (medular, bulbar ou ambos), que al contrário do se pensa acomente somente 1 a 2% dos casos de poliomielite. 

O quadro clínico da forma paralítica inclui paralisia flácida, geralmente assimétrica, contraturas e deformidades, isso ocorre porque o poliovírus destrói o corpo do neurônio motor inferior na medula espinhal e/ou tronco encefálico. A poliomielite paralítica apresenta 4 fases: 
1. Aguda: irritabilidade, cefaléia, dor muscular, problemas respiratórios e deglutição (2 semanas) 
2. Recuperação: dura semanas ou anos. Restauração da função 
3. Estabilização: início após máxima recuperação neurológica. Duração variável 
4. Síndrome pós-pólio: Cerca de 50% dos pacientes desenvolvem nova perda da força, fadiga e dor. 

A Recuperação acontece por vários motivos, mas o mais comum é a reinervação das unidades motoras perdidas por neurônios próximos íntegros, formando as famosas Unidades Motoras Gigantes (fig 1 e 2 abaixo). 




Com o passar dos anos, essa unidade motora gigante, principalmente naqueles pacientes que apresentaram uma boa recuperação, não dá “conta” e acaba desnervado as fibras “adotivas” possivelmente suas próprias fibras musculares (fig 3 e 4), causando nova fraqueza e possivelmente a Síndrome Pós-Pólio (SPP). 



Felizmente, a Poliomielite foi erradicada do Brasil em 1994, graças as contínuas campanhas de vacinação. O que se trata hoje são sequelas tardias de uma doença antiga.

Sintomas da SPP 


A síndrome pós-pólio pode manifestar-se tanto em pacientes que desenvolveram um episódio de paralisia flácida quanto naqueles em que a infecção não deixou esse tipo de sequela. São eles:

* Fraqueza muscular progressiva nos membros atingidos ou não pela doença; 
* Cansaço excessivo; 
* Dores musculares e nas articulações; 
* Cãibras; 
* Dor de cabeça;
 * Dificuldade de deglutição; 
* Hipersensibilidade ao frio; 
* Distúrbios do sono; 
* Problemas respiratórios; 
* Depressão e ansiedade. 

O diagnóstico leva em conta os sinais da síndrome instalados há pelo menos um ano em pessoas que tiveram poliomielite no passado.
A eletroneuromiografia pode ser um exame útil para avaliar alterações na inervação e ajudar a excluir a possibilidade de outras doenças degenerativas com sintomas semelhantes. 

Recomendações para os fisioterapeutas 

• Nunca cansar o paciente ao seu limite, a atividade deve ser interrompida antes do músculo apresentar sinais de cansaço;
• Evitar atividades compensatórias; 
• Estimular o uso de órteses para diminuir a sobrecarga muscular;
• Orientar repouso/cochilo para diminuir a dor e fadiga; 
• Estimular Exercícios de relaxamento e respiratórios; 
• Promover resistência muscular controlada com cargas leves, aeróbicos, hidroterapia, para prevenir desuso e atrofia. 
• Cargas pesadas, sem repouso e movimentos repetitivos podem ser prejudiciais as unidades motoras. 

Se você teve poliomielite informe sempre seu fisioterapeuta e médico sobre os sintomas que está sentindo. Caso você se enquadre nos sintomas relacionados acima procure seu médico.

Para maiores informações acesse a página de Associação Brasileira de Síndrome Pós Pólio: www.abraspp.org.br ou http://sindromepospoliomielite.blogspot.com.br/, ou acesse as referências utilizadas para elaboração desse texto.

Referências

MOURA, EW, LIMA, E, BORGES, D, CAMPOS E SILVA, PA. Aspectos clínicos e práticos da reabilitação. 2ed. São Paulo: Artes Médicas. 2010.

Síndrome pós-poliomielite (SPP): orientações para profissionais de saúde/coordenação: Acary Souza Bulle Oliveira e Abrahão Augusto Juviniano Quadros -- São Paulo: SES/SP, 2008.

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