A principal característica da síndrome é a perda das funções musculares que tinham permanecido estabilizadas no intervalo entre a recuperação e o aparecimento dos novos sintomas.
Para entender melhor é preciso conhecer a fisiopatologia da POLIOMIELITE.
A poliomielite é uma “Doença infecciosa aguda causada pelo enterovírus do grupo poliovírus”, também conhecida como “PARALISIA INFANTIL”.
Esse vírus infecta por via fecal-oral e o quadro agudo pode ser manifestado de 4 formas: Infecção assintomática; Forma branda: sintomas gripais; Forma meníngea: febre, cefaléia, rigidez na nuca e dores musculares; Forma paralítica: paralisia de membros, tronco e/ou face (medular, bulbar ou ambos), que al contrário do se pensa acomente somente 1 a 2% dos casos de poliomielite.
O quadro clínico da forma paralítica inclui paralisia flácida, geralmente assimétrica, contraturas e deformidades, isso ocorre porque o poliovírus destrói o corpo do neurônio motor inferior na medula espinhal e/ou tronco encefálico.
A poliomielite paralítica apresenta 4 fases:
1. Aguda: irritabilidade, cefaléia, dor muscular, problemas respiratórios e deglutição (2 semanas)
2. Recuperação: dura semanas ou anos. Restauração da função
3. Estabilização: início após máxima recuperação neurológica. Duração variável
4. Síndrome pós-pólio: Cerca de 50% dos pacientes desenvolvem nova perda da força, fadiga e dor.
A Recuperação acontece por vários motivos, mas o mais comum é a reinervação das unidades motoras perdidas por neurônios próximos íntegros, formando as famosas Unidades Motoras Gigantes (fig 1 e 2 abaixo).
Com o passar dos anos, essa unidade motora gigante, principalmente naqueles pacientes que apresentaram uma boa recuperação, não dá “conta” e acaba desnervado as fibras “adotivas” possivelmente suas próprias fibras musculares (fig 3 e 4), causando nova fraqueza e possivelmente a Síndrome Pós-Pólio (SPP).
Felizmente, a Poliomielite foi erradicada do Brasil em 1994, graças as contínuas campanhas de vacinação. O que se trata hoje são sequelas tardias de uma doença antiga.
Sintomas da SPP
A síndrome pós-pólio pode manifestar-se tanto em pacientes que desenvolveram um episódio de paralisia flácida quanto naqueles em que a infecção não deixou esse tipo de sequela.
São eles:
* Fraqueza muscular progressiva nos membros atingidos ou não pela doença;
* Cansaço excessivo;
* Dores musculares e nas articulações;
* Cãibras;
* Dor de cabeça;
* Dificuldade de deglutição;
* Hipersensibilidade ao frio;
* Distúrbios do sono;
* Problemas respiratórios;
* Depressão e ansiedade.
O diagnóstico leva em conta os sinais da síndrome instalados há pelo menos um ano em pessoas que tiveram poliomielite no passado.
A eletroneuromiografia pode ser um exame útil para avaliar alterações na inervação e ajudar a excluir a possibilidade de outras doenças degenerativas com sintomas semelhantes.
Recomendações para os fisioterapeutas
• Nunca cansar o paciente ao seu limite, a atividade deve ser interrompida antes do músculo apresentar sinais de cansaço;
• Evitar atividades compensatórias;
• Estimular o uso de órteses para diminuir a sobrecarga muscular;
• Orientar repouso/cochilo para diminuir a dor e fadiga;
• Estimular Exercícios de relaxamento e respiratórios;
• Promover resistência muscular controlada com cargas leves, aeróbicos, hidroterapia, para prevenir desuso e atrofia.
• Cargas pesadas, sem repouso e movimentos repetitivos podem ser prejudiciais as unidades motoras.
Se você teve poliomielite informe sempre seu fisioterapeuta e médico sobre os sintomas que está sentindo. Caso você se enquadre nos sintomas relacionados acima procure seu médico.
Para maiores informações acesse a página de Associação Brasileira de
Síndrome Pós Pólio: www.abraspp.org.br ou http://sindromepospoliomielite.blogspot.com.br/, ou acesse as referências utilizadas
para elaboração desse texto.
Referências
MOURA, EW, LIMA, E, BORGES, D, CAMPOS E SILVA, PA. Aspectos clínicos e práticos da reabilitação. 2ed. São Paulo: Artes Médicas. 2010.
Síndrome pós-poliomielite (SPP): orientações para
profissionais de saúde/coordenação: Acary Souza Bulle Oliveira e Abrahão Augusto
Juviniano Quadros -- São Paulo: SES/SP, 2008.
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