Com o post de hoje, quero apresentar para vocês a Reabilitação Vestibular e o papel da fisioterapia no tratamento de tonturas. Está escrito de forma resumida, mas espero que sirva para conhecerem essa áera muito interessante da Fisioterapia. Boa Leitura!
Se você sofre com crises de tontura
rotatória (vertigem), dificuldade de equilíbrio, associado ou não a náuseas e
zumbido, você pode ter disfunção do sistema vestibular (labirinto). Essa
condição costuma ser chamada erroneamente de LABIRINTITE, mas ao longo do texto
irá perceber porque este termo costuma ser errado.
O que é o Sistema
Vestibular??
O Labirinto consiste em órgãos sensoriais localizados no
ouvido interno, dentro do osso temporal (FIG. 1). Temos dois labirintos, um de
cada lado. A função do labirinto é de manter o equilíbrio, estabilizar a visão
e orientação espacial.
O
labirinto transforma um estímulo externo em sinal elétrico para que a
informação seja transmitida ao sistema nervoso central através do VIII par de
nervo craniano, o Vestibulococlear.
O labirinto membranoso é composto
por 3 Canais Semicirculares (CSC) e por órgãos otolíticos (Utrículo e o
Sáculo). Dentro desse labirinto circula um líquido chamado endolinfa. Cada estrutura do labirinto apresenta células
ciliadas, as quais são movimentadas durante o movimento da cabeça e geram
impulsos nervosos. No entanto, isso ocorre de forma diferente nos CSC e nos
órgãos otolíticos, como se segue:
CANAIS
SEMICIRCULARES:
São três: posterior,
anterior e horizontal. Cada um apresenta uma crista ampular, na qual estão
localizadas as células ciliadas, as quais detectam movimentos de rotação da
cabeça, como girar para os lados (FIG 2)
O Utrículo e o Sáculo são órgãos
otolíticos porque assim como os CSC, apresentam uma região com células ciliadas
com substância gelatinosa, chamada de mácula sobre a qual repousam cristais de carbonato de cálcio (otólitos). O utrículo e o sáculo sinalizam a posição da cabeça em
relação à gravidade (se vertical, horizontal ou inclinada). Detectam ainda, acelerações
lineares, como por exemplo, subir/descer um elevador, ou movimento para frente/trás
de um carro. Quando ocorrem esses movimentos os cristais exercem pressão sobre
a mácula (FIG 3)
O sistema nervoso central recebe
informações simultâneas de ambos os labirintos, quando há discrepância (um está
hipoativo ou hiper-reativo) a informação é conflitante e o indivíduo apresenta
vertigem, nistagmo (movimentos incoordenados dos olhos. Lembre que o Sistema
vestibular estabiliza a visão durante os movimentos da cabeça), perda de
equilíbrio e ainda pode apresentar náusea e zumbido.
Nessa situação há uma Vestibulopatia Periférica (que pode ser
uni ou bilateral) .As principais vestibulopatias periféricas são:
VPPB: Vertigem Posicional
Paroxistica Benigna, a qual envolve crises rápidas (até 45segundos) durante os
movimentos da cabeça, como levantar-se, virar-se, olhar para cima, etc. Ela
ocorre porque os otólitos deslocam-se do utrículo para um dos canais
semicirculares. Para saber mais clique AQUI.
Neurite Vestibular: ocorre dano ao nervo
vestibular por infecção viral, a qual advém de uma infecção do trato respiratório
ou gastrointestinal. Causa crise de vertigem súbita, tontura, náusea, vômito,
desequilíbrio e / ou dificuldade significativa para caminhar. Os sintomas
melhoram com a resolução do quadro infeccioso, mas podem perdurar.
Doença de Meniére: Nessa doença, ocorre
um aumento na quantidade de endolinfa, causando uma hipertensão conhecida como
Hidropsia endolinfática. A causa costuma ser desconhecida. Os sintomas incluem:
crises repetidas de vertigem, perda auditiva, zumbido, e plenitude ou pressão
no ouvido. Os ataques normalmente ocorrem de maneira repentina e duram minutos
ou até mesmo horas. Para saber mais, clique AQUI
Labirintite: Inflamação (processo
infeccioso) do labirinto subsequente a uma otite média. Na fase aguda ocorre
vertigem intensa, manifestações neurovegetativas e perda auditiva do lado
comprometido. Na fase crônica, caso tenha havido fibrose, ocorre perda auditiva
irreversível e sequela parcial do equilíbrio (hipofunção). Observem que
Labirintite é um forma de Vestibulopatia, e não é a mais comum.
Existem muitos outros tipos de
Vestibulopatias periféricas como: Neurinoma acústico, associada à enxaqueca,
cervicogênica, fóbica, além de distúrbios como a cinetose e o mal do desembarque.
O diagnóstico e tratamento devem ser
realizados por profissionais habilitados, como o Otorrinolaringologista, o
fonoaudiólogo e o fisioterapeuta. As síndromes vestibulares são diagnosticadas
através da anamnese e exame físico com testes clínicos específicos para
avaliação da função vestibular. Alguns exames específicos como a Vectoeletronistagmografia
podem ser muito úteis para determinar que tipo de disfunção que está presente. A
identificação destas síndromes permite o tratamento adequado.
O tratamento envolve o uso de medicações
específicas prescritas pelo Otorrinolangologista, a aplicação de manobras (no
caso da VPPB) e prescrição de exercícios que podem ser feitas por um Fisioterapeuta.
Esse programa de exercícios é conhecido como REABILITAÇÃO VESTIBULAR.
A reabilitação vestibular é baseada em
mecanismos relacionados à plasticidade neuronal do SNC. É aplicada em pacientes
com distúrbios do equilíbrio corporal com a finalidade de melhorar a interação
vestíbulo-visual durante a movimentação cefálica e promover a estabilização
visual, ampliar a estabilidade postural estática e dinâmica nas condições que
produzem informações sensoriais conflitantes.
A Reabilitação Vestibular tem se mostrado
importante e efetiva estratégia no tratamento do paciente com desordens do
equilíbrio corporal, proporcionando acentuada melhora em sua qualidade de vida.
Estratégias de
tratamento incluem exercícios de ADAPTAÇÃO e HABITUAÇÃO (Veja um exemplo de
exercício (AQUI), TREINO DE EQUILÍBRIO e
MANOBRAS DE
REPOSIÇÃO CANALÍTICA
Manobra de reposição Canalítica (exemplo)
Existem diversos protocolos para isso,
no entanto, o tratamento deve ser individualizado. Recentemente, tem sido usada
ainda a REALIDADE VIRTUAL como um adjunto ao tratamento, como o videogame
Nintendo Wii (Link), o qual utiliza a integração da fixação visual e oscilações
corporais de forma lúdica e funcional.
A Reabilitação Vestibular costuma dar
bons resultados em um curto período de tempo, no entanto, as respostas variam
de acordo com a patologia, com a origem da lesão se periférica ou central e
ainda, se ela é unilateral ou bilateral.
Quanto mais cedo iniciado o tratamento
melhores os resultados!!
Escrito por: Profa. Ms. Michelle Brandalize
Para Reabilitação
Vestibular em Guarapuava e região contate: mibrandalize@gmail.com.br
Amo reabilitação vestibular, muito boa matéria.
ResponderExcluirParabéns Mi!
Obrigada Patrícia!!!
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