terça-feira, 28 de maio de 2013

Reabilitação Vestibular - Tontura e Fisioterapia


 Com o post de hoje, quero apresentar para vocês a Reabilitação Vestibular e o papel da fisioterapia no  tratamento de tonturas. Está escrito de forma resumida, mas espero que sirva para conhecerem essa áera muito interessante da Fisioterapia. Boa Leitura!

     
  Se você sofre com crises de tontura rotatória (vertigem), dificuldade de equilíbrio, associado ou não a náuseas e zumbido, você pode ter disfunção do sistema vestibular (labirinto). Essa condição costuma ser chamada erroneamente de LABIRINTITE, mas ao longo do texto irá perceber porque este termo costuma ser errado.

O que é o Sistema Vestibular??
         
         O Labirinto consiste em órgãos sensoriais localizados no ouvido interno, dentro do osso temporal (FIG. 1). Temos dois labirintos, um de cada lado. A função do labirinto é de manter o equilíbrio, estabilizar a visão e orientação espacial.
          O labirinto transforma um estímulo externo em sinal elétrico para que a informação seja transmitida ao sistema nervoso central através do VIII par de nervo craniano, o  Vestibulococlear.
            
FIG 1. Estruturas sistema Vestibular

          O labirinto membranoso é composto por 3 Canais Semicirculares (CSC) e por órgãos otolíticos (Utrículo e o Sáculo). Dentro desse labirinto circula um líquido chamado endolinfa.  Cada estrutura do labirinto apresenta células ciliadas, as quais são movimentadas durante o movimento da cabeça e geram impulsos nervosos. No entanto, isso ocorre de forma diferente nos CSC e nos órgãos otolíticos, como se segue:

CANAIS SEMICIRCULARES:
São três: posterior, anterior e horizontal. Cada um apresenta uma crista ampular, na qual estão localizadas as células ciliadas, as quais detectam movimentos de rotação da cabeça, como girar para os lados (FIG 2)

Fig 2. Canais semicirculares. Fonte: www.vertigemetontura.com.br
ÓRGÃOS OTOLÍTICOS
           O Utrículo e o Sáculo são órgãos otolíticos porque assim como os CSC, apresentam uma região com células ciliadas com substância gelatinosa, chamada de mácula sobre a qual repousam cristais de carbonato  de cálcio (otólitos). O utrículo e o sáculo sinalizam a posição da cabeça em relação à gravidade (se vertical, horizontal ou inclinada). Detectam ainda, acelerações lineares, como por exemplo, subir/descer um elevador, ou movimento para frente/trás de um carro. Quando ocorrem esses movimentos os cristais exercem pressão sobre a mácula (FIG 3)
Fig 3 Órgãos Otolíticos. Fonte: www.vertigemetontura.com.br
            O sistema nervoso central recebe informações simultâneas de ambos os labirintos, quando há discrepância (um está hipoativo ou hiper-reativo) a informação é conflitante e o indivíduo apresenta vertigem, nistagmo (movimentos incoordenados dos olhos. Lembre que o Sistema vestibular estabiliza a visão durante os movimentos da cabeça), perda de equilíbrio e ainda pode apresentar náusea e zumbido.
           Nessa situação há uma Vestibulopatia Periférica (que pode ser uni ou bilateral) .As principais vestibulopatias periféricas são:

VPPB: Vertigem Posicional Paroxistica Benigna, a qual envolve crises rápidas (até 45segundos) durante os movimentos da cabeça, como levantar-se, virar-se, olhar para cima, etc. Ela ocorre porque os otólitos deslocam-se do utrículo para um dos canais semicirculares. Para saber mais clique AQUI

Neurite Vestibular: ocorre dano ao nervo vestibular por infecção viral, a qual advém de uma infecção do trato respiratório ou gastrointestinal. Causa crise de vertigem súbita, tontura, náusea, vômito, desequilíbrio e / ou dificuldade significativa para caminhar. Os sintomas melhoram com a resolução do quadro infeccioso, mas podem perdurar.

Doença de Meniére: Nessa doença, ocorre um aumento na quantidade de endolinfa, causando uma hipertensão conhecida como Hidropsia endolinfática. A causa costuma ser desconhecida. Os sintomas incluem: crises repetidas de vertigem, perda auditiva, zumbido, e plenitude ou pressão no ouvido. Os ataques normalmente ocorrem de maneira repentina e duram minutos ou até mesmo horas. Para saber mais, clique AQUI

Labirintite: Inflamação (processo infeccioso) do labirinto subsequente a uma otite média. Na fase aguda ocorre vertigem intensa, manifestações neurovegetativas e perda auditiva do lado comprometido. Na fase crônica, caso tenha havido fibrose, ocorre perda auditiva irreversível e sequela parcial do equilíbrio (hipofunção). Observem que Labirintite é um forma de Vestibulopatia, e não é a mais comum.

        Existem muitos outros tipos de Vestibulopatias periféricas como: Neurinoma acústico, associada à enxaqueca, cervicogênica, fóbica, além de distúrbios como a cinetose e o mal do desembarque.
        O diagnóstico e tratamento devem ser realizados por profissionais habilitados, como o Otorrinolaringologista, o fonoaudiólogo e o fisioterapeuta. As síndromes vestibulares são diagnosticadas através da anamnese e exame físico com testes clínicos específicos para avaliação da função vestibular. Alguns exames específicos como a Vectoeletronistagmografia podem ser muito úteis para determinar que tipo de disfunção que está presente. A identificação destas síndromes permite o tratamento adequado.
   O tratamento envolve o uso de medicações específicas prescritas pelo Otorrinolangologista, a aplicação de manobras (no caso da VPPB) e prescrição de exercícios que podem ser feitas por um Fisioterapeuta. Esse programa de exercícios é conhecido como REABILITAÇÃO VESTIBULAR.
    A reabilitação vestibular é baseada em mecanismos relacionados à plasticidade neuronal do SNC. É aplicada em pacientes com distúrbios do equilíbrio corporal com a finali­dade de melhorar a interação vestíbulo-visual durante a movi­mentação cefálica e promover a estabilização visual, ampliar a estabilidade postural estática e dinâmica nas condições que produzem informações sensoriais conflitantes.
    A Reabilitação Vestibular tem se mostrado importante e efetiva estratégia no tratamento do paciente com desordens do equilíbrio corporal, proporcionando acentuada melhora em sua qualidade de vida.
     Estratégias de tratamento incluem exercícios de ADAPTAÇÃO e HABITUAÇÃO (Veja um exemplo de exercício (AQUI), TREINO DE EQUILÍBRIO e

MANOBRAS DE REPOSIÇÃO CANALÍTICA  

Manobra de reposição Canalítica (exemplo)

  Existem diversos protocolos para isso, no entanto, o tratamento deve ser individualizado. Recentemente, tem sido usada ainda a REALIDADE VIRTUAL como um adjunto ao tratamento, como o videogame Nintendo Wii (Link), o qual utiliza a integração da fixação visual e oscilações corporais de forma lúdica e funcional.
          A Reabilitação Vestibular costuma dar bons resultados em um curto período de tempo, no entanto, as respostas variam de acordo com a patologia, com a origem da lesão se periférica ou central e ainda, se ela é unilateral ou bilateral.
          Quanto mais cedo iniciado o tratamento melhores os resultados!!

Escrito por: Profa. Ms. Michelle Brandalize

Para Reabilitação Vestibular em Guarapuava e região contate: mibrandalize@gmail.com.br

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